sexta-feira, 11 de junho de 2010

Cortinas na janela...

A luz que entrava no quarto já não era tão fraca, já não era tão azulada, e o amarelo que invadia a janela era quente. Os lençóis brancos deixavam todo o quarto tranquilo. Era a tranquilidade que faltava. Do lado de fora alguns barulhinhos bons, entre eles um grilo na janela. Acendeu um cigarro, e olhando para o teto sentiu pela primeira vez o medo do que estava por acontecer. Agora a luz já obrigava cortinas na janela, e prorrogava a certeza do dia ser de um calor infernal.



Não precisaria sair de casa tão cedo, ou melhor, não precisaria sair. Havia pão e o necessário para uma sopa fumegante. Caso o calor fosse daqueles insuportáveis, faria um suco e deixaria esvair com a fumaça todo aquele medo.
O grilo continua cantando. Isso foi o suficiente para mais um longo tempo com os olhos vidrados na janela. Talvez o grilo gostaria de entrar no quarto dela e ouvir música. Percebeu de súbito que o grilo tinha uma das patas machucadas. Quis mutilar a sua perna para compartilhar a dor com o grilo. Quis gritar para que o sol voltasse para o amarelo "o dia acaba de nascer". Quis gritar mas não havia ninguém para ouvir.