Um pequeno conto talvez, ou simplesmente um hai-kai.
Sentada num lugar comum, apátrida, consigo visualizar todas as palavras perdidas.
Elas dançaram em meus pensamentos durante as últimas horas.
As palavras ficaram velhas até.
Marcado na minha pele um mar revolto: seus olhos.
Um mar carregado hoje do mesmo brilho de ontem.
Mergulho nesse mar.
Fumaças de cigarro pela janela. Sentidos despertos.
Os livros em cima da mesa são como gatos.
O uísque ao longo da noite, uísque carregado de música.
O café forte ao acordar e as curvas da estrada que fazem meus braços procurarem as suas.
As ruas calçadas com pedras, que teimam em me deixar ir.
Um tempo que não para. Horas que não cessam.
Cada segundo.