segunda-feira, 26 de agosto de 2024

MenestreL

 

Nos reinados atuais, onde a nobreza corteja em redes sociais

Com seus palácios de finos vidros e coroas virtuais

O menestrel ficou esquecido, num canto abandonado,

Os poemas e cantos não são mais aclamados.

Ele teima em se fazer presente, nos encontros filmados e postados.

Recita versos que não são mais escutados,

Sua música é abafada e sua voz não é ouvida.

Ele teima em circular, tentando se aproximar da nobreza,

Mas sua aparência comum e sua cultura de ontem é rejeitada.

Ele não sabe quais sinais deve enviar para ser notado.

E tudo nele é rejeitado.

Sem saber a qual lugar pertence, 

Um ser de Lugar Nenhum.

 




segunda-feira, 12 de agosto de 2024

Édith Piaf nunca cantou tão triste

 



 No meio do caminho havia riquezas,

Dessas que não se pode ceder ou comercializar.

Que rebentam músicas exclusivas.

E eu, com olhos de rubi, recolhi cada uma que coube em meu embornal.

Carreguei com a urgência dos que tem fome.

... fome de amanhã, fome de outra asa.

Fazendo a mais valiosa melodia andarilha.

Mas numa dessas curvas, que nem me recordo mais,

Quis ver o sorriso nascer em outro viajante,

Compartilhando passos em uma calçada esburacada,

Mas com trilha sonora singular,

Uma dança dominical.

Nunca soube se tive sucesso, mas

Desde então, meu embornal passou a ter um peso infortúnio,

Do tipo que turva óculos e aumenta a sombra,

E Édith Piaf nunca cantou tão triste.